Toda a Rede Geodésica Portuguesa é formada por vértices geodésicos chamados Talefes e Bolembreanos. Os Vértices de 1.ª Ordem de forma piramidal são chamados de Tafeles. Os de 2.ª Ordem são cilíndricos com cone listado e os de 3.ª Ordem são também cilíndricos, mas sem cones listados, chamados de bolembreanos.
O primeiro levantamento cartográfico em Portugal foi realizado por Francisco António Ciera, Catedrático do 3º ano da Academia Real da Marinha dando início à Comissão para os Trabalhos de Triangulação Geral e Levantamento da Carta Corográfica do Reino. Os respectivos levantamentos iniciaram-se no ano de 1788 segundo vontade de D. Maria I.
O primeiro Vértice Geodésico a ser construido em Portugal foi o marco geodésico de 1ª ordem no Monte Redondo em 1794. O marco é constituído por uma pirâmide de alvenaria, com sapata, com 3, 35 metros de base e 9, 42 metros de altura. Coordenadas: 39.892083, -8.842902
Tem uma forma piramidal para o distinguir dos marcos de 2ª e de 3ª ordem em forma de cilindro, encimado por um tronco de cone. O monumento está pintado de branco e listado no topo com uma faixa preta com 1,5 m de largura, para identificação – tal como os marcos de 2ª ordem – e contém uma inscrição relativa à sua construção.
A base da triangulação geral do reino de Portugal foi inicialmente constituída 32 marcos geodésicos actualmente designados de Talefes.
O nome do vértice geodésico Bolembreano foi dado pelos habitantes da povoação do concelho de Sintra – Bolembre, onde pela primeira vez em Portugal foram introduzidos estes vértices geodésicos de 3.ª ordem. Consiste num tronco de cone sobre uma base cilíndrica.
Tipos de Vértices Geodésicos
- Vértice geodésico 1ª ordem – Vértice geodésico integrado na rede geodésica fundamental ou de 1.ª ordem, independentemente do tipo de sinal a que se encontra associado.
- Vértice geodésico em Capela – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma capela,
- Vértice geodésico em casa – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma construção
- Vértice geodésico em castelo – Vértice geodésico cujo sinal se localiza no reduto de um castelo
- Vértice geodésico em depósito água elevado – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um depósito de água elevado
- Vértice geodésico em farol – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um farol.
- Vértice geodésico em forte – Vértice geodésico cujo sinal se localiza no reduto de um forte ou fortaleza
- Vértice geodésico em igreja – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma igreja
- Vértice geodésico em moinho – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a um moinho de vento
- Vértice geodésico em depósito de água à superfície – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a um depósito de água não elevado
- Vértice geodésico em cruzeiro – Vértice geodésico cujo sinal é parte integrante de um cruzeiro.
- Vértice geodésico em vigia – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um posto ou torre de vigia.
- Vértice geodésico de outras ordens – Vértice geodésico cujo sinal não possui convenção específica para a Carta Corográfica de Portugal Continental e que normalmente, é materializado por um tronco cónico ou cilíndrico designado por bolembreano.
Todos os Vértices Geodésicos Talefes e bolembreanos são divididos em três ordens de importância:
1ª Ordem – Pirâmides Talefes com distâncias de 30 a 60 km
Os vértices da Rede Geodésica Portuguesa de 1.ª ordem são construidos por grandes pirâmides em alvenaria, os Talefes e têm cerca de 9 a 10 metros de altitude, de secção quadrangular, podendo ser encimadas por outras de menor altura, ou por estruturas cilíndricas, contendo ambas ou só a inferior uma faixa de cor preta.
As suas características principais são:
• altura total – cerca de 9 m ou 10 m;
• base das pirâmides – 3 m para a maior, 0,75 m para a menor;
• faixa preta – 1,5 m de largura
2ª Ordem – Bolembreano Cilíndrico com distância de 20 a 30 km
Os triângulos que constituem a Rede Geodésica Portuguesa de 2.ª ordem ou secundária assentam directamente sobre os vértices geodésicos de 1.ª ordem.
Os vértices geodésicos de 2.ª ordem são construidos no terreno por cilindros normalmente encimados por troncos de cone. Esta forma adoptada para os vértices denomina-se bolembreanos.
Têm duas faixas de cor preta, uma no cilindro e a outra no tronco de cone, não possuem altura total fixa por forma a que possam sobressair em relação à vegetação existente e ser visíveis entre si.
As suas características principais são:
• base do cilindro – cerca de 1,4 m de diâmetro se a sua altura for superior a 4 m e 1,2 m se a altura for inferior;
• tronco de cone – cerca de 1,2 m de altura, 0,6 m de diâmetro para a base superior e 0,4 m para a inferior;
• faixas pretas – 0,5 m de largura no cilindro e 0,3 m de largura no tronco de cone. A distância do bordo superior da faixa do cilindro à base do tronco de cone é de cerca de 0,4 m.
3ª Ordem – Bolembreano Cilíndrico com distância de 5 a 10 km
Os triângulos que constituem a Rede Geodésica Portuguesa de 3.ª ordem têm lados com comprimentos que podem variar entre 5 e 10 km. A resolução dos triângulos que constituem a rede pode basear-se na medição de apenas dois dos ângulos internos de cada triângulo dado a menor precisão requerida, sendo o 3.º ângulo interno determinado por diferença.
Os vértices da Rede Geodésica Portuguesa de 3.ª ordem não apresentam altura total fixa, à semelhança dos vértices geodésicos de 2 ª ordem. Diferem dos vértices geodésicos de 2.ª ordem por não apresentarem faixa de cor preta a envolver o cilindro que constitui a base da estrutura.
O número de vértices existentes na totalidade do território (Portugal Continental e Regiões Autónomas) é, actualmente, de cerca de nove mil, repartidos por vértices de:
- Continente: 1.ª Ordem (cerca de 120), 2.ª Ordem (cerca de 900) e 3.ª Ordem (com uma densidade aproximada de 1 vértice por cada 10 km²).
- Arquipélago dos Açores: cerca de 500
- Arquipélago da Madeira: cerca de 150.
Cada vértice geodésico tem uma ficha de identificação e caracterização.
Alguns exemplos de Talefes, Bolembreanos de 2.ª Ordem e Bolembreanos de 3.ª Ordem podem ser consultados no nosso artigo das Serras mais altas de Portugal Continental.
Marcos geodésicos e obrigatoriedade das suas zonas de proteção
a) Os marcos geodésicos de triangulação cadastral ou outras referências a que alude o artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 143/82, de 26 de abril, têm zonas de proteção que abrangem uma área em redor do sinal, com o raio mínimo de 15,00 metros.
A extensão da zona de proteção é determinada caso a caso em função de visibilidade que deve ser assegurada ao sinal construído e entre os diversos sinais;
b) Os proprietários ou usufrutuários dos terrenos situados dentro da zona de proteção não podem fazer plantações, construções e outras obras ou trabalhos que impeçam a visibilidade das direções constantes das minutas de triangulação;
c) Os projetos de obras ou planos de arborização na proximidade dos marcos geodésicos não podem ser licenciados sem prévia autorização do Instituto Português de Cadastro e Cartografia.